quarta-feira, 29 de julho de 2009

>> software livre - I
A Controladoria-Geral da União disponibiliza o sistema de BI para 400 usuários...


Na Controladoria-Geral da União (CGU), 2 mil auditores analisam as contas do governo. Quando a CGU recebe alguma denúncia, eles investigam diversos bancos de dados do governo federal para esclarecer o caso. Para que o trabalho dê certo, no entanto, os técnicos sempre param os projetos de TI para cruzar as informações dos bancos de dados para os auditores. "O trabalho é manual", diz Fabiano Andrade Lima, analista de finanças e controle da CGU, "porque os bancos de dados são diferentes e muito antigos."
Em dezembro de 2008, José Geraldo Loureiro Rodrigues, diretor de sistemas e informação da CGU, autorizou Fabiano a implementar o Pentaho, um sistema de BI baseado em software livre. Assim, os auditores poderiam cruzar as informações dos bancos de dados do governo federal sozinhos, e produzir os relatórios sozinhos. Mas antes de instalar o BI para os usuários, Fabiano precisava integrar vários bancos de dados.
Fabiano estudava o Pentaho desde o final de 2007, mas a CGU não tinha dinheiro para manter uma equipe focada no projeto. "Existiam outras prioridades." Antes, Geraldo precisava implementar um sistema de BI para os diretores. Em agosto de 2008, licitou 14 licenças de um sistema de BI; a MicroStrategy ganhou a licitação e cobrou R$ 59 mil para fornecer as licenças e manter o sistema por 12 meses.
Em janeiro de 2009, Fabiano formou uma equipe de cinco técnicos. Além de implementar o sistema, eles integraram os bancos de dados do sistema de cartões de pagamento utilizados pelos servidores federais (CGPF), do sistema de auditorias e do sistema de controle de denúncias da CGU. José Geraldo gostou: "São as bases de dados que os auditores mais acessam."
Em paralelo, Fabiano testou o sistema com dez usuários; os técnicos instalaram o sistema de BI e monitoraram os usuários para descobrir quais recursos do sistema eles precisavam personalizar, para melhorar os filtros de pesquisa. "Mudamos algumas partes do código do software", diz Fabiano, "para mostrar os dados de uma forma mais clara." Cerca de 20 usuários já usavam o Pentaho em maio, quando Fabiano concluiu os testes.

>> software livre - II

... e planeja instalar o sistema para outros 600 usuários até o final do ano.


Fabiano e equipe levaram dois meses para ajustar o sistema. Como integrar os outros bancos de dados ao sistema exigirá mais de um ano, Fabiano resolveu disponibilizar o Pentaho para os mil auditores da CGU que trabalham em Brasília. "Integrar as bases de dados", diz Fabiano, "é um projeto que não terá fim." Na semana passada, ele mostrou aos primeiros 400 auditores como usar o Pentaho para consultar os bancos de dados e cruzar informações.
Enquanto isso, os técnicos continuam integrando novos bancos de dados; até o final do ano, Fabiano quer disponibilizar o banco de dados do sistema integrado de administração financeira do governo federal (Siafi). Além disso, ainda em 2009, Fabiano treinará outros 600 auditores.
As primeiras semanas depois do treinamento, diz Geraldo, serão importantes para corrigir velhos hábitos dos auditores. Eles ainda tentam encomendar relatórios para a TI. "Não vamos mais dar o peixe para o usuário."
>> governo eletrônico - I
A Bull usará um robô-programador para ajudar a Infraero...


Em agosto, Alberto Lemos, presidente da Bull América Latina, inaugura um projeto piloto com a Infraero: a Bull e a Infraero vão produzir aplicativos usando um sistema automático de programação, o NovaForge. É uma espécie de robô-programador.
A Bull vem investindo no NovaForge há 27 meses. Em outubro de 2008, Alberto levava clientes do Brasil para Grenoble, na França, para demonstrar o NovaForge em produção; na ocasião, Alberto tinha a meta de treinar 80 funcionários na pilotagem do NovaForge até junho de 2009. Mas veio a crise financeira internacional, e alguns clientes cancelaram contratos. Ainda em 2008, Alberto demitiu 100 funcionários.

>> governo eletrônico - II

... e usará o exemplo da Infraero...


Ao longo dos últimos meses, Alberto mudou bastante a Bull, para deixá-la mais barata e eficiente. A Bull não deve só vender aplicativos mais baratos com o NovaForge, disse Alberto aos funcionários. Para vencer a crise, a Bull deve fazer o aplicativo, comprar os computadores, pôr o aplicativo para funcionar nos computadores novos, cuidar do aplicativo. O cliente, em vez de gastar dinheiro, em vez de encher o CPD com mais computadores, paga aluguel e usa o aplicativo a distância.
Vários clientes se interessaram pela proposta, e a Bull está assinando contratos. Alberto já contratou quase 100 funcionários de novo, e a Bull voltou a ter quase 500 profissionais. "Mas são funcionários com outro perfil." Eles entendem de web e de software livre, e são capazes de agir como consultores.

>> governo eletrônico - III

... para chamar a atenção e crescer 30% em 2009.


Até agora, Alberto colocou 15 funcionários em cursos sobre como pilotar o NovaForge, e os 15 participam do projeto piloto com a Infraero. Esse projeto precisa ir bem, pois Alberto pretende usá-lo para chamar a atenção de instituições e empresas do governo.
Este ano, diz Alberto, a Bull deve crescer uns 30%, "com a crise". No ano que vem, "sem crise", deve crescer ainda mais. Por isso Alberto prometeu à matriz: até dezembro, cada um dos 200 programadores da fábrica de software da Bull no Brasil será capaz de pilotar o NovaForge. Eles vão entrar com especificações escritas em linguagens abstratas (UML, WSML), e o NovaForge vai devolver código em linguagens de nível mais baixo (Java, html), e vai devolver também a documentação e os mecanismos de testes. A produtividade da fábrica deve melhorar uns 30%. "Isso me dará condições de ir ao mercado com o menor preço por ponto de função."
Com o preço mais baixo, um menu de serviços mais fácil de assinar e o exemplo da Infraero, Alberto acha que instituições e empresas do governo logo se transformam na principal fonte de receita da Bull no Brasil.
>> visão de empresário - I
A Bricon ganha um projeto da Dataprev...


Arthur Briquet abriu sua primeira empresa aos 21 anos — a construtora que tem até hoje. Depois, abriu uma fábrica de móveis, uma loja de roupas, uma joalheria, um restaurante, uma editora, uma boate. Um dia, ele decidiu vender a fábrica de móveis e investir em outro negócio. Estudou o mercado, conversou com algumas pessoas, e abriu a Bricon, uma empresa de informática.
Os outros negócios andam por conta própria e são administrados por funcionários, mas a Bricon, com 11 anos, ainda exige a dedicação de Briquet. A empresa está se estruturando, ele diz, e tem crescido bastante. Segundo os números do Anuário Informática Hoje, produzido pela Plano Editorial, a Bricon foi uma das dez empresas que mais cresceram em 2008: aumentou a receita líquida em 102,48%.
No final de 2008 e começo de 2009, contudo, a Bricon também sofreu as consequências da crise. "Alguns clientes da área de indústria deixaram de comprar." Até um projeto na Vale do Rio Doce, no qual os técnicos já tinham começado a montar salas de videoconferência e telepresença, foi reduzido e postergado.
Contudo, a Bricon atende vários clientes do setor financeiro, então conseguiu crescer. E em setembro de 2008, ela ganhou uma licitação de R$ 32 milhões da Dataprev: os técnicos da Bricon migram as linhas de código dos sistemas armazenados em grandes servidores (Unisys) para sistemas escritos em Java e armazenados em servidores menores. Por causa desse projeto, hoje o setor público representa 60% do faturamento da Bricon, e Briquet percebeu o potencial de vender para o governo.

>> visão de empresário – II

... abre dois escritórios para atender o governo...


A Bricon já atendia o Serpro; e em 2008, ganhou também a conta da Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo e a do Banco do Brasil, mas, no decorrer do ano, a empresa participou de menos de dez licitações. Então, no começo de 2009, Briquet contratou funcionários e abriu um escritório no Rio de Janeiro e outro em Brasília para vender para o setor público, principalmente para a área financeira. "Uma das verticais mais fortes da Bricon é a de soluções de segurança da informação, muito usadas pelo setor financeiro." Em 2009, ele espera participar de mais licitações, mas não "participar por participar, como fazem muitas empresas, mas participar para ganhar".
Para atender a Dataprev, Briquet contratou mais funcionários: em 2008, cerca de 100 pessoas trabalhavam na Bricon, hoje são quase 200 — 50 ficam na Dataprev. "A gente é uma empresa enxuta: 75% dos funcionários estão ligados a projetos." Para aproveitar bem a mão de obra, Briquet faz com que cada técnico tenha mais de uma especialização, assim eles conseguem enxergar as oportunidades de negócio quando estão no cliente.
No decorrer de 2008, Briquet também assinou novas parcerias com fabricantes. Fez uma parceria com a HP, para vender sistemas de gestão de projetos — e ganhou a conta do Banco do Brasil com esse produto. E fez uma parceria com a Cisco e uma com a Avaya, para vender equipamentos de infraestrutura. Como a Bricon já trabalhava com TV pela Internet e queria trabalhar com telepresença, fazia sentido vender equipamentos de voz via IP. "Estamos aumentando a oferta de serviços para nos fortalecer nos atuais clientes."

>> visão de empresário – III

... e cria uma área de sistemas para a saúde e a educação.


Briquet notou que os executivos perguntam como podem diminuir as despesas ou melhorar os controles. Alguns setores, diz, têm equipamentos especializados muito modernos, mas sistema de gestão ruim.
Um dia, Briquet foi chamado por um grande hospital para fazer um trabalho de segurança da informação. E percebeu que, apesar de ser um grande hospital, existia uma fragilidade muito grande no ambiente no qual as pessoas trabalhavam. Por quatro meses, ele leu sobre o setor de saúde e sobre tecnologia na saúde. Num dos textos, descobriu que uma enfermeira dedica apenas 30% do seu tempo aos pacientes; o resto ela gasta preenchendo papelada. "O setor de saúde é o que mais gasta papel no mundo."
Na Bricon, todo negócio começa assim: Briquet percebe a oportunidade, treina os funcionários para falar sobre as novas tecnologias, monta os pacotes comerciais e manda os vendedores atrás de clientes. Foi a mesma coisa com a área de educação. Em 2008, ele percebeu que os clientes contratavam o sistema de TV corporativa (desenvolvido pela Bricon) para fazer treinamento. E conversando com os executivos das universidades, percebeu que as universidades tinham profissionais para oferecer conteúdo para treinamentos, mas não tinham uma ferramenta de TV digital.
Ele contratou cinco pessoas e montou uma área para vender soluções para educação e saúde. Na área de saúde, ele quer atender seguradoras, hospitais e planos de saúde; na educação, quer vender ensino a distância. Os novos funcionários já foram treinados e começaram a vender. Por enquanto, a Bricon não tem clientes nessas áreas, mas pelo número de propostas que já entregou a interessados, Briquet acredita que a empresa dobrará de tamanho de novo em 2009.
>> mercado
A B2Br quer expandir a terceirização para a área de saúde


Pedro Rondon, presidente da B2Br (empresa do grupo TBA), sentou recentemente à mesa com o diretor de recursos humanos. O desafio é encontrar mão de obra para os projetos que a empresa vai desenvolver este ano.
Rondon pretende vender a terceirização completa das operações (BPO de operações) de um serviço qualquer. "Os estados começam a se conscientizar da importância de melhorar os processos e ganhar em economia." As centrais de atendimento ao cidadão são exemplos desse serviço: já foram instaladas em São Paulo (com o nome de Poupatempo) e no Rio de Janeiro; e estão sendo instaladas em Brasília. A B2Br cuida de alguns postos do Poupatempo em São Paulo. "A gente se especializou bastante nisso e temos tido um crescimento importante."
Ele quer levar o modelo de terceirização para a área de saúde. "É uma área em que qualquer investimento aparece bastante, porque a situação é muito ruim no que diz respeito à tecnologia." Empresas de saúde, diz Rondon, pretendem melhorar a gestão do estoque de remédios na farmácia, além da gestão de exames médicos e do prontuário.
A preocupação em se reunir com o diretor de recursos humanos é porque a empresa vai apostar em CRM e BI. E Rondon precisa de gente especializada para desenvolver soluções que funcionem, porque seus clientes querem ver os resultados antes de gastar dinheiro. Por isso, ele também investe em provas de conceito. Só assim conseguirá mostrar aos clientes como se ganha dinheiro com essas tecnologias. "Temos tecnologia e expertise, mas falta maturidade nos clientes."
>> aprendizado
A Politec aposta em SAP para voltar a crescer no governo


Em 2008, a Politec perdeu clientes importantes de Brasília — entre eles, a Caixa Econômica Federal e o Banco do Brasil. Por isso, Newton Carlos de Alarcão, presidente interino da empresa, se impôs o desafio de, em 2009, recuperar a receita perdida — se possível, recuperar também os clientes perdidos.
A Politec aprendeu a dar consultoria a respeito dos sistemas de gestão da SAP. Participou de algumas concorrências e ganhou algumas. Uma delas foi no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, o BNDES. Newton agora espera o resultado final de uma licitação para serviços SAP (módulo de recursos humanos) para o Banco do Brasil. De acordo com Newton, a Politec é a única empresa que ficou para a fase final da concorrência. "Esse é um projeto muito grande, então considero que nossas notícias são boas."
Newton diz que a aposta em SAP faz sentido: numa crise, todo executivo precisa melhorar os processos — inclusive os executivos que trabalham para o governo.
Depois de perder a CEF e o BB, Newton terminou 2008 preocupado. "Com a crise chegando, víamos só nuvens negras para 2009." Agora, Newton se sente mais animado, graças aos novos contratos com empresas públicas e privadas. "Nosso faturamento será menor que o de 2008, mas estamos superando as dificuldades."
Em 2010, diz Newton, tudo volta ao normal.
>> gestão
A Kaizen cresce mais no governo do que esperava


No final de 2008, Alexandre Picchi Neves achava que a Kaizen conseguiria pelo menos 30% da receita com o governo. Mas ele reviu os números recentemente: por causa da crise e das eleições em 2010, a Kaizen deve obter uma porcentagem maior com o governo em 2009.
Alexandre ganhou licitações no Metrô de São Paulo, na Secretaria de Educação de São Paulo e na Prefeitura de São Bernardo de Campo. Todos compraram serviços associados à informática. Depois dessa experiência, em março, Alexandre montou um escritório em Brasília, onde os funcionários devem participar de concorrências em que órgãos do governo vão comprar gestão de conteúdo e documentos (ECM) e gestão de processos (BPM).
Quanto às empresas privadas: elas reduziram o orçamento de TI para 2009, diz Alexandre, e mesmo assim só gastaram 30% do orçamento no primeiro semestre. Para essas empresas, Alexandre montou um portfólio de serviços para ajudar o CIO a melhorar o sistema SAP já instalado. "As empresas precisam aperfeiçoar processos para reduzir os custos."
No segundo semestre, as empresas privadas devem gastar os 70% restantes do orçamento, mas elas só vão gastar com projetos de retorno bom. Por causa disso, Alexandre coordenou uma série de reformas na Kaizen: consolidou servidores, instalou controle automático do fluxo de tarefas, contratou mais programadores. A ideia é fazer a Kaizen entregar os serviços com custo o mais baixo possível — e bem depressa. "Quando as empresas resolvem gastar", diz Alexandre, "elas querem tudo para o dia seguinte, pois querem recuperar o tempo perdido."
>> concordata – I
Os canais ouvem as orientações da Nortel para os próximos dias...


Na semana passada, Marcelo Abreu leu as notícias de que a Nortel venderia a divisão de produtos para empresas. Na terça-feira, 21, ele ouviu dos executivos da Nortel da América Latina as orientações para os próximos 30 dias.
Marcelo é o diretor comercial da First Tech, uma revenda da Nortel, e participou da conferência telefônica junto com outras revendas da América Latina. Durante uma hora, os executivos da Nortel avisaram que é hora de ter cautela, pois assim os clientes recebem informações corretas; e disseram que é hora de manter os negócios como estão, pois a venda da divisão corporativa (que incluiu a divisão de produtos para o governo) ainda não foi aprovada.
Na segunda-feira, 20, o presidente da Nortel anunciou um processo pelo qual a Nortel deve vender, para a Avaya, os ativos e as ações da divisão corporativa, por US$ 475 milhões. Em junho, ele já tinha comunicado o processo para vender a divisão de CDMA e LTE para a Nokia Siemens, por US$ 650 milhões. Nos dois casos, conforme a legislação dos Estados Unidos, a Nortel tem o direito de pedir ao juiz uma espécie de leilão, no qual outras empresas podem apresentar alguma proposta melhor.

>> concordata – II

... e os clientes corporativos aceitam bem o novo dono.


Marcelo Abreu diz que, por enquanto, a vida na revenda continua igual — o anúncio é muito recente. "Tenho que tomar cuidado no curto prazo, porque temos propostas na rua, temos clientes comprando; e prestamos serviços para vários clientes."
Na terça-feira, depois da conferência telefônica, ele conversou com um cliente de equipamentos Nortel. O cliente gostou da notícia: já pensava em comprar equipamentos Avaya, pois só tinha equipamentos Nortel, e estava com medo de ficar na mão. No futuro, as duas opções podem virar uma coisa só.
A First Tech tem clientes antigos e grandes que usam os equipamentos da Nortel: esses clientes, diz Marcelo, continuam comprando para atualizar ou expandir a rede. Mudar de tecnologia sem uma análise criteriosa é arriscado, diz Marcelo aos clientes. No entanto, desde que a Nortel pediu concordata, em janeiro, Marcelo tem dificuldade para vender para novos clientes.